sábado, 7 de março de 2009

Pintinho e o "País das Maravilhas"

Era ainda muito cedo e a rua estava quase deserta. O nosso herói passou apenas por dois jovens que regressavam de uma merecida noite de borga. Pensaram que ele regressava com eles. Mas não. O nosso homem acordara cedo.
Entrou no café, esfregou as mãos, desejou bom dia e pediu uma bica ao senhor Carlos. Mais uma esfregadela de mãos enquanto se encostou ao balcão. O cheiro a galão e torradas confortou-o. Reconheceu-se. Ohou para os sítios do costume e viu que estava tudo no mesmo lugar. Onde é suposto. Entre um ou outro cumprimento, iniciou-se a conversa.
"Ouve lá, eu consigo bilhetes semanais para O "País das Maravilhas"por vinte euros. Também queres?". "A sério?", perguntou, ainda pouco entusiamado (quiçá desatento), enquanto dava o primeiro gole no seu café. O primeiro passo do ritual que marcava irreversivelmente o começo do dia de trabalho e o fim do descanso.
Ao segundo gole, já mais desperto, lembrou-se que se tinha comprometido a ir à EuroDisney.
O Pintinho chegou a vacilar. Entre a "EuroDisney e o "País das Maravilhas"...
Mas ao terceiro e último gole no café (este já mais apressado), declinou a oportunidade e saiu justificando-se com a necessidade de ir fumar um cigarro.
Lá fora.
Bendita lei.

1 comentário:

Anónimo disse...

Nice!
O quotidiano burlesco de um candidato extremo (ou extremo candidato) com fortes valores morais, iluminado por inquietantes luzes encarnadas.
Espero que a águia voe!